As dez maiores empresas exportadoras de Maringá são responsáveis por 97% de tudo o que é vendido ao exterior – muita soja, açúcar e carne, vendidos em grande quantidade. Mas os 3% restantes não são nada desprezíveis e foram conquistados com o trabalho de pequenas e médias empresas dos mais variados segmentos, que ampliaram as fronteiras e descobriram clientes em todos os continentes.
As pequenas e médias empresas exportadoras de Maringá faturaram R$ 132 milhões no exterior no ano passado. Elas provam que, quando o produto é bom, não há crise europeia ou cotação do dólar que impeça um bom negócio.
Com apenas 50 funcionários, a indústria maringaense Master Ink teve crescimento de 156% nas vendas para o exterior entre 2010 e 2011. Enquanto muitos fabricantes nacionais reclamam da competição chinesa, a empresa transformou o problema em vantagem.
A Master Ink importa peças e equipamentos da China, Coreia do Sul e Estados Unidos por preços que não encontraria no Brasil. Em Maringá, há uma linha de produção para fabricar máquinas de remanufatura de cartuchos e toners de impressora – uma ideia bem brasileira. As máquinas da Master Ink são exportadas para vários países, com destaque para Espanha, Portugal, Argentina, Chile, Paraguai e México.
Crise na zona do euro? Para a empresa maringaense, o ano passado foi de ótimos negócios no Velho Continente. “A situação de Portugal e Espanha oferece oportunidade para um produto mais econômico e de qualidade, que garante uma impressão igual ao dos cartuchos originais”, explica a analista de comércio exterior da empresa, Marcelle Mercúrio de Campos Lima. Grande parte das exportações vai por via aérea.
A Master Ink começou a exportar esporadicamente em 2009 e profissionalizou a opção em 2010. Desde que começou a vender no exterior em grande escala, o quadro de funcionários aumentou 20%. Cerca de 70% da produção ainda ficam no Brasil, mas os negócios no estrangeiro não param de crescer. “Utilizamos muito a internet, sites como o AliBaba, que trazem clientes novos todos os dias”, destaca Marcelle.
A Maquinas Limeira aumentou em 338% o volume exportado entre 2010 e 2011. A empresa maringaense vende máquinas para a limpeza, polimento e classificação de cereais de mesa, como o feijão. Com o avanço das economias latino-americanas nos últimos anos, os pedidos não param de aparecer. “Atendemos clientes na Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Venezuela, Nicarágua, Costa Rica e Honduras”, diz José de Azevedo, que cuida das exportações da empresa.
Com 60 empregados, a Máquinas Limeira tem o foco no mercado interno, mas não deixa de atender os clientes externos. “Deixamos esse lado externo para tradings, que nos trazem os pedidos e sabem fazer toda essa parte burocrática”, comenta Azevedo. “Não perdemos negócios jamais”, completa.
Recorde
Atendendo pequenos, médios e grandes exportadores, o Instituto Mercosul, órgão de fomento ao comércio exterior da Associação Comercial e Empresarial de Maringá (Acim), bateu recorde de emissão de certificados de origem em janeiro. Foi o mês com maior número de emissões desde a implantação do serviço, em 2000. Só no mês passado, foram emitidos 128 certificados de origem, aumento de 120% em relação ao janeiro de 2011.
A presidente do Instituto Mercosul, Renata Mestriner, afirma que o crescimento está associado à diversificação de mercados que as empresas da região estão buscando. “Apesar de a balança comercial brasileira ter atingido o pior desempenho para o mês de janeiro desde 1973, as empresas da região de Maringá estão buscando diversificar mercados para tentar manter seu nível de exportação”, avalia Renata
Com o cenário de crise na Europa, Renata destaca que as empresas da região de Maringá passaram a buscar mercados nos continentes africano e asiático, além de fortalecer relações comerciais com países da América Latina.
Por: Vinícius Carvalho – Jornal oDiário